* JUNTA
GOV. RN 1891-1892; GOV. RN 1896-1900; SEN. RN 1900-1914; GOV. RN 1914-1920;
SEN. RN 1920; MIN. MARINHA 1920-1921; MIN. JUSTIÇA 1921-1922; SEN. RN
1923-1930.
Joaquim Ferreira Chaves Filho nasceu em Recife
no dia 15 de outubro de 1852, filho de Joaquim Ferreira Chaves e de Clara Maria
de Lacerda Ferreira Chaves. Recebeu o diploma de bacharel na Faculdade de
Direito do Recife em 1873. No ano seguinte foi nomeado promotor público em
Palmares (PE), mas pouco depois foi transferido para a comarca de Maioridade,
hoje Martins (RN). Em 1877 foi nomeado juiz municipal e de órfãos de Pau dos
Ferros (RN) e dez anos depois tornou-se juiz de direito de Trairi, hoje Santa
Cruz (RN). Em 1891 foi nomeado juiz de casamentos em Natal. Tendo-se aproximado
de Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, líder do Partido Republicano do Rio
Grande do Norte, foi nomeado juiz federal por influência deste, mas sua
nomeação foi cassada por Francisco Amintas da Costa Barros, governador do
estado (2 de março a 13 de junho de 1891) indicado pelo presidente Deodoro da
Fonseca. Já no governo de Miguel Joaquim de Almeida Castro, aliado de Amintas
Barros eleito pelo Congresso Constituinte estadual e empossado em 9 de setembro
de 1891, liderou, junto com o antecessor de Amintas Barros, Manuel do
Nascimento Castro e Silva, e mais outros correligionários de Pedro Velho, uma
conspiração para derrubar o governador. Em 28 de novembro Miguel Castro foi
deposto, preso e deportado para o Ceará. Ferreira Chaves foi então escolhido
para compor, com Francisco de Lima e Silva e Nascimento Castro, uma junta
governativa que deveria instalar um novo Congresso Constituinte estadual. Após
cumprir sua missão, a junta entregou o governo em 22 de fevereiro de 1892 ao
presidente do Congresso estadual, Jerônimo Américo Raposo da Câmara, o qual,
por sua vez, o repassou em 28 de fevereiro a Pedro Velho, eleito governador
pelos congressistas. Ainda em 1892, Pedro Velho instalou o Superior Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Norte e designou Ferreira Chaves como um de seus
desembargadores.
Em 1895 Ferreira Chaves foi
escolhido por Pedro Velho para ser seu sucessor no governo do Rio Grande do
Norte. Eleito, tomou posse em 25 de março de 1896. Em seu governo possibilitou
que a família Albuquerque Maranhão se consolidasse definitivamente
no poder, uma vez que nomeou, contratou e facilitou a ascensão de muitos de
seus membros. Em 1898, por exemplo, reformou a Constituição estadual, baixando
a idade mínima exigida para o cargo de governador de 35 para 25 anos. Assim,
Alberto Frederico de Albuquerque Maranhão, irmão de Pedro Velho, pôde ser
eleito governador em 1899 com apenas 26 anos, o mesmo ocorrendo em 1903 com
Augusto Tavares de Lira, genro de Pedro Velho, então com 31 anos. Segundo
Ferreira Chaves, o estado continuou sendo governado por Pedro Velho.
Também em 1898, com o crescimento
da oposição, Ferreira Chaves aposentou por decreto cinco desembargadores mais
cinco juízes, entre eles o presidente do Partido Republicano Constitucional.
Com a morte em 1899 de Almino Álvares Afonso, abriu-se uma vaga no Senado.
Embora Ferreira Chaves desejasse a vaga, não queria renunciar ao governo.
Articulou então, junto com Pedro Velho, a eleição de Francisco Gomes da
Rocha
Fagundes, antigo correligionário do Partido Republicano, apenas para guardar a
cadeira no Senado até sua desincompatibilização, que ocorreria em 25 de março
de 1900.
Assim,
Rocha Fagundes, que foi empossado em 20 de abril de 1900, renunciou em 10 de
julho, abrindo a vaga para que Ferreira Chaves pudesse ser eleito e empossado
em 25 de agosto. Em 1903, Ferreira Chaves foi reeleito para um mandato de nove
anos. Participou várias vezes da Mesa do Senado e atuou nas comissões
de
Constituição, Poderes e Diplomacia, e de Constituição e Justiça. Aproveitou
para ligar-se estreitamente a José Gomes Pinheiro Machado, amizade que seria
determinante para seu futuro político.
Em 1914, quando se passou a
discutir a sucessão do governador Alberto Maranhão, que então encerrava seu
segundo governo, o nome preferido no partido era o de Augusto Tavares de Lira.
Contudo, um dado novo surgira na política nacional: o salvacionismo. No Rio
Grande do Norte o capitão José da Penha Alves de Sousa se arvorou em defensor
da candidatura de Leônidas Hermes da Fonseca, filho do presidente da República,
apoiado pelo Partido Republicano Constitucional. Em face da grande agitação
produzida no estado, passou-se a defender no antigo Partido Republicano uma
candidatura que não fosse ligada por laços familiares a Alberto Maranhão.
Ferreira Chaves, que tinha o apoio de Pinheiro Machado e credenciais de
fidelidade incontestáveis, surgiu então como o candidato ideal. Não deixou,
contudo, de ser lembrado por Tavares de Lira de que estava lhe
guardando a vaga, como informa Itamar de Souza.
Depois de eleito e empossado em
25 de março de 1914, Ferreira Chaves não apenas não renunciou, como passou a
desmontar todo o aparato que havia possibilitado aos “pedrovelhistas” dominar a
cena política do estado. Logo extinguiu vários cargos públicos e suspendeu os
contratos que beneficiavam os “pedrovelhistas”, entre os quais o monopólio
do sal e
o monopólio da carne verde. Em 1916 reformou a lei eleitoral do estado,
tornando inelegíveis para o cargo de governador os parentes consanguíneos e
afins, até o terceiro
grau, do
governador do quadriênio em curso ou do quadriênio anterior; e inelegíveis para
deputado os magistrados, governadores, funcionários federais remunerados e o
chefe de
polícia.
Depois, manejando a máquina governamental, elegeu seu próprio candidato ao governo
do estado, o senador Antônio José de Melo e Sousa, que tomou posse em 25 de março
de 1920 e, por sua vez, cedeu-lhe a vaga no Senado. Entretanto, como o então
presidente
Epitácio Pessoa desejava contar com Tobias do Rego Monteiro no Senado, nova articulação
entrou em pauta: em troca da vaga de senador, Ferreira Chaves foi indicado para
o Ministério da Marinha e depois para o Ministério da Justiça e dos Negócios
Interiores.
Ocupou a pasta da Marinha de 20 de outubro de 1920, quando substituiu Raul Soares,
a 12 de setembro de 1921, quando foi substituído por João Pedro da Veiga Miranda,
e em seguida assumiu a da Justiça, no lugar de Alfredo Vieira de Melo, até 15
de novembro de 1922, quando entrou em seu lugar João Luís Alve Em 1923 Ferreira Chaves obteve pela terceira vez a
indicação do Partido Republicano para concorrer ao governo do Rio Grande do
Norte. Mas, dessa vez, a chamada “facção do Seridó”, apoiada pelo presidente da
República Artur Bernardes e reorganizada pelos deputados federais Juvenal
Lamartine de Faria e José Augusto Bezerra de Medeiros, conseguiu destituí-lo da
chefia do partido e indicar José Augusto para governador. Por
conseguinte,
a única saída que restou a Ferreira Chaves foi voltar para o Senado na vaga de Tobias
Monteiro, que renunciou, permitindo que fosse eleito naquele mesmo ano. Em 1924
Ferreira Chaves foi reeleito para um mandato de nove anos, mas com a Revolução
de outubro de 1930 e a dissolução de todos os órgãos legislativos do país,
afastou-se da política.
Faleceu
no Rio de Janeiro no dia 12 de março de 1937.
Casou-se duas vezes. Da primeira vez, com
Alexandrina Barreto Ferreira Chaves, com quem teve quatro filhos; da segunda
vez, com Maria Ferreira Chaves, com quem teve um filho.
Renato
Amado Peixoto
FONTES: CARDOSO, R.Memórias; CASCUDO, L.
Governo; MAIA, A. Parlamentares; SOUZA, I. República
FONTE – FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO
Nenhum comentário:
Postar um comentário